Formalmente
a iniciação de primeiro grau torna-a uma bruxa(o) comum. Mas é claro que é um
pouco mais complicado que isso.
Como
todos os bruxos experientes, existem algumas pessoas que são bruxas (ou bruxos)
de nascimento muitas vezes podem tê-lo sido desde uma encarnação passada. Uma
boa Sumo-Sacerdotisa ou Sumo-Sacerdote costuma detectá-las. Iniciar um destes
bruxos não é "fazer uma bruxa"; é muito mais um gesto bidirecional de
identificação e reconhecimento e claro, um Ritual de boas-vindas de uma
mais-valia de peso ao Coventículo.
No
outro extremo, existem os que são mais lentos ou menos aptos muitas vezes boas
pessoas, sinceras e trabalhadoras que o iniciador sabe que têm um longo caminho
a percorrer, e provavelmente muitos obstáculos e condições adversas a
ultrapassar, antes de se poderem chamar verdadeiros bruxos. Mas mesmo para
estes, a Iniciação não é um mero formalismo, se o iniciador conhecer a sua
Arte. Pode dar-lhes uma sensação de integração, um sentimento que um importante
marco foi ultrapassado; e apenas por lhes atribuir a qualidade de candidato,
(apesar de não parecer terem qualquer dom), o direito de se auto-denominarem
bruxos, encoraja-os a trabalhar arduamente para merecerem esta qualidade. E
alguns menos aptos podem tomá-lo de surpresa com uma aceleração súbita no seu
desenvolvimento após a iniciação; então saberão que a iniciação resultou.
Tudo
é preparado como para um Círculo normal, com os itens adicionais seguintes
também preparados:
·
Uma
venda;
·
Uma
distância de fio ou corda fina (pelo menos 2,50m);
·
Óleo
de unção;
·
Um
pequeno sino de mão;
·
Três
comprimentos de corda vermelha: uma com 2,75m e duas com 1,45m.
Também
é usual, mas não essencial, que o Postulante traga o seu próprio novo Athame, e
corda vermelha, branca e azul para serem consagradas imediatamente após a sua
Iniciação(1). Devem dizer-lhe, logo que saiba que vai ser Iniciado, que tem de
adquirir qualquer faca de cabo preto com que se identifique. A maior parte das
pessoas compra um punhal com bainha vulgar (a bainha é útil, para transportá-lo
para o local de encontro) e pintam o
cabo de preto (se já não for, claro). Pode não haver tempo para ele gravar os
Símbolos tradicionais no cabo (ver Secção XXIV) antes de ser consagrado; isto
pode ser feito mais tarde nos tempos livres. Alguns bruxos nunca chegam a
inscrever quaisquer Símbolos, preferindo a Tradição alternativa, que diz que os
instrumentos de trabalho não devem ser identificáveis como tal para algum
estranho(2); ou porque o padrão do cabo do punhal escolhido não permite
gravações. (O Athame do Stewart, agora com 12 anos, tem os Símbolos inscritos;
o de Janet, com a mesma idade mas com um cabo com padrão, não tem; e temos
outro Athame feito à mão por um artesão amigo que tem um cabo de pé de Veado
que obviamente não dá para gravar). Sugerimos que as lâminas dos Athames sejam
cegas, uma vez que nunca são usadas para cortar seja o que for mas são usadas
para gestos rituais no que pode ser um Círculo apertado e populoso:
As
três cordas que o iniciado tem que trazer devem ter 2,75m de comprimento cada.
Gostamos de evitar que as pontes das cordas se desfaçam usando fita ou
atando-as com fio da mesma cor. No entanto, Doreen diz: "Atamos nós às
pontas para evitar que se soltem e a medida essencial calcula-se de nó em
nó."
Também
se lhe deve dizer para levar a sua própria garrafa de vinho tinto até para lhe
dar a entender logo de princípio que as despesas de comida e bebida para o
Coventículo, quer seja vinho para o Círculo ou alguma comida para antes ou
depois do Círculo, não devem cair inteiramente para a Sumo-Sacerdotisa ou o
Sumo-Sacerdote!
Quanto
aos itens adicionais listados em cima qualquer lenço servirá para utilizar como
venda, mas deve ser opaco. E a escolha do óleo de unção cabe à
Sumo-Sacerdotisa; o Coventículo de Gardner usava sempre Azeite virgem. O
costume Alexandrino diz que o óleo deveria incluir um toque do suor da
Sumo-Sacerdotisa e do Sumo-Sacerdote.
Antes
do Círculo ser fechado, o Postulante é posto fora do Círculo a Nordeste,
vendado e amarrado, por bruxos do sexo oposto. O pacto de atar é feito com as
três cordas vermelhas(3) - uma com 2,75m e as outras duas com 1,45m. A corda
maior é dobrada ao meio para os pulsos serem amarrados juntos atrás das costas
e as duas pontas são trazidas para a frente por cima dos ombros e atadas em
frente ao pescoço, com as pontas caídas a formar uma pega por onde o Postulante
pode ser dirigido(4). Uma corda pequena é atada no tornozelo direito e a outra
por cima do joelho esquerdo cada uma com as pontas bem escondidas para que o
não magoem. Enquanto se estiver a corda no tornozelo, o Iniciador diz:
"Pés
nem presos nem livres."(5)
O
Círculo está agora aberto, e o Ritual de Abertura procede como normalmente,
exceptuando o "Portão" a Nordeste que não está ainda fechado e o
exortação não ter sido dita. Depois do Atrair a Lua(6), o Iniciador dá a Cruz
Cabalística(7), como se segue: "Ateh" (tocando na testa),
"Malkuth" (tocando no peito), "ve-Geburah" (tocando no
ombro direito), "ve-Gedulah" (tocando o ombro esquerdo),
"le-olam" (apertando as mãos à altura do peito).
Depois
das Runas das Feiticeiras, o Iniciador vai buscar a Espada (ou Athame) ao
Altar. Ela e o Companheiro encaram o Postulante.
Então
eles declamam o exortação (ver apêndice B, pp. 297-8).
O
Iniciador então diz:
"Ó
tu que estás na fronteira entre o agradável mundo dos homens e os Domínios
Misteriosos do Senhor dos Espaços, tens tu a coragem de fazer o teste?"
O
Iniciador coloca a ponta da Espada (ou Athame) contra o coração do Postulante e
continua:
"Porque
digo verdadeiramente, é melhor que avances na minha lâmina e pereças, que
tentes com medo no teu coração."
O
Postulante responde:
"Tenho
duas Senhas. Perfeito Amor e Perfeita Confiança"(8).
O
Iniciador diz:
"Todos
os que assim estão são duplamente bem-vindos. Eu dou-te uma terceira para
passares através desta misteriosa Porta".
O
Iniciador entrega a Espada (ou Athame) ao seu Companheiro, beija o Postulante e
passa para trás dele. Abraçando-o por detrás, empurra-o para a frente, com o
seu próprio corpo, para dentro do Círculo. O seu Companheiro fecha ritualmente
a "porta" com a Espada (ou Athame), que depois recoloca no Altar.
O
Iniciador leva o Postulante aos pontos cardeais em volta e diz:
"Tomai
nota, ó Senhores do leste/Sul/Oeste/Norte] que_________está devidamente preparado
(a) para ser iniciado (a) Sacerdote (Sacerdotisa) e Bruxo(a)"(9).
Então
o Iniciador guia o Postulante para o centro do Círculo. Ele e o Coventículo
circulam à sua volta em sentido deosil, cantando:
"Eko,
Eko, Azarak,
Eko, Eko, Zomelak,
Eko, Eko, Cernunnos (10),
Eko, Eko, Aradia (10)”.
Eko, Eko, Zomelak,
Eko, Eko, Cernunnos (10),
Eko, Eko, Aradia (10)”.
Repetido
sempre, enquanto empurram o Postulante para frente e para trás entre eles,
virando-o às vezes um pouco para desorientá-lo, até o Iniciador o mandar parar
com um "Alto!". O Companheiro toca o sino três vezes, enquanto o
Iniciador vira o Postulante (que ainda está no centro) para o Altar.
O
Iniciador então diz:
"Noutras
religiões o Postulante ajoelha-se enquanto o Sacerdote o olha de cima. Mas na
Arte Mágica somos ensinados a ser humildes, e ajoelhamo-nos para dar as
boas-vindas e dizemos..."
O Iniciador ajoelha-se e dá o "Beijo Quíntuplo" ao Postulante, como se segue:
O Iniciador ajoelha-se e dá o "Beijo Quíntuplo" ao Postulante, como se segue:
"Abençoados
sejam os teus pés, que te trouxeram para estes caminhos" (beijando o pé direito
e depois o esquerdo).
"Abençoados
sejam os teus joelhos, que devem ajoelhar perante o Altar Sagrado"
(beijando o joelho direito e depois o esquerdo).
"Abençoados
sejam o teu falo (ventre) sem o qual não existiríamos" (beijando acima do
pêlo púbico).
"Abençoado
seja o teu peito, formado na força [seios, formados na beleza]" (11)
(beijando o seio direito e depois o esquerdo).
"Abençoados
sejam os teus lábios, que irão proferir os Nomes Sagrados" (abraçando-o e
beijando-o nos lábios).
O
Companheiro passa o comprimento de fio ao Iniciador, que diz:
"Agora
vamos tirar a tua medida."
O
Iniciador, com ajuda de outro bruxo do mesmo sexo, estica o fio do chão aos pés
do Postulante até ao alto da sua cabeça, e corta esta medida com a faca de cabo
branco (que o seu Companheiro lhe traz). O Iniciador então mede-o uma vez à
volta da cabeça e ata um nó para marcar a medida; outra (da mesma ponta) à
volta do peito e ata outro nó a marcar; outra à volta das ancas atravessando os
genitais e dá um nó.
Então
retira a medida e pousa-a no altar.
O
Iniciador pergunta ao Postulante:
"Antes
de jurares a Arte, estás preparado para passar a provação e ser
purificado?"
O
Postulante responde:
"Estou."
O
Iniciador e outro bruxo do mesmo sexo ajudam o Postulante a ajoelhar-se, e curvar
a sua cabeça e ombros para frente. Eles soltam as pontas das cordas que atam os
tornozelos e os joelhos juntos (12).
O
Iniciador diz:
"Passaste
o teste com valentia. Estás pronto a jurar que serás sempre verdadeiro com a
Arte?"
O
Postulante responde: "Estou."
O
Iniciador diz (frase a frase):
"Então
repete comigo: "Eu,__________, na presença dos Todo Poderosos, de minha
livre vontade e da forma mais solene juro manter sempre secreto e nunca revelar
os segredos da Arte, excepto se for a uma pessoa adequada, devidamente
preparada num Círculo como aquele em que eu estou agora; e nunca negarei os
segredos a uma pessoa como esta se ele ou ela provarem ser um Irmão ou Irmã da
Arte. “Tudo isto eu juro pelas minhas esperanças numa vida futura, ciente que a
minha medida foi tirada; e que as minhas armas se virem contra mim se eu
quebrar este juramento solene.”
O
Postulante repete cada frase depois do Iniciador.
O
Iniciador e outro bruxo do mesmo sexo ajudam agora o Postulante a pôr-se de pé.
O
Companheiro traz o óleo de unção e o cálice de vinho.
O
Iniciador molha a ponta do dedo no óleo e diz:
"Eu
por este meio te marco com o Sinal Triplo. Consagro-te com óleo."
O
Iniciador toca o Postulante com óleo logo acima do pêlo púbico, no seu seio
direito, no seu seio esquerdo e outra vez acima do pêlo púbico, completando o
triângulo invertido do 1.º Grau.
Depois
molha a ponta do dedo no vinho, diz "Consagro-te com vinho" e
toca-lhe nos mesmos locais com o vinho.
A
seguir diz "Consagro-te com os meus lábios", beija o Postulante nos
mesmos locais e continua "Sacerdote (sacerdotisa) e Bruxo(a)."
O
Iniciador e outro bruxo do mesmo sexo tiram-lhe a venda e desatam as cordas.
O
Postulante é agora um bruxo iniciado, e o ritual é interrompido para cada
membro do Coventículo lhe dar as boas-vindas e os parabéns. Quando acabarem, o
ritual prossegue com a apresentação dos instrumentos de trabalho. À medida que
cada instrumento é apresentado, o Iniciador trá-lo do Altar e dá-o ao Iniciado
com um beijo. Outro bruxo do mesmo sexo do Iniciador aguarda, e à medida que se
acaba a apresentação de cada instrumento este o leva de volta ao Altar.
O
Iniciador explica as ferramentas como se segue:
"Agora
te apresento os Instrumentos de Trabalho. Primeiro, a Espada Mágica. Com isto,
como com o Athame, dás forma aos Círculos Mágicos, dominas, subjugas e punes
todos os espíritos rebeldes e demónios, e podes até persuadir anjos e espíritos
bons. Com isto na tua mão, lideras o Círculo."
"A
seguir apresento-te o Athame. Esta é a verdadeira arma do bruxo, e tem todos os
poderes da Espada Mágica."
"A
seguir apresento-te a Faca de Cabo Branco. É usada para formar todos os
instrumentos usados na Arte. Só pode ser usada num Círculo Mágico."
"A
seguir apresento-te a Varinha. A sua utilidade é chamar e controlar certos
anjos e génios quando não seja apropriado o uso da Espada Mágica."
"A
seguir apresento-te o Cálice. Este é o receptáculo da Deusa, o Caldeirão de
Cerridwen, o Santo Graal da Imortalidade. Neste bebemos em camaradagem, e em
honra à Deusa."(13)
"A
seguir apresento-te o Pentáculo. Este tem o objectivo de chamar os espíritos
apropriados."
"A
seguir apresento-te o Incensário. É usado para encorajar e dar as boas vindas
aos espíritos bons e banir espíritos maus."
"A
seguir apresento-te o Chicote. É o símbolo do poder e do domínio. Também é
purificador e iluminador. Por isso está escrito, "Para aprender deves
sofrer e ser purificado". Estás disposto a sofrer para aprender?"
O
Iniciado responde: "Estou."
O
Iniciador continua: "A seguir e por fim apresento-te as Cordas. Elas são
usadas para prender os Sigilos da Arte; também a base do material; e também são
necessárias para o Juramento."
O
Iniciador diz: "Agora saúdo-te em nome de Aradia, novo
Sacerdote(Sacerdotisa) e Bruxo(a)", e beija o Iniciado.
Finalmente,
conduz o Iniciado a cada um dos pontos cardeais em volta e diz: "Ouçam ó
Todos Poderosos do Este [Sul/Oeste/Norte]; ___________foi consagrado Sacerdote
(Sacerdotisa), Bruxo(a) e criança escondida da Deusa."(14)
Se
o Iniciado trouxe o seu novo Athame e/ou as Cordas, ele pode agora, como seu
primeiro trabalho mágico, consagrá-los (ver Secção IV) com o Iniciador ou com a
pessoa que irá ser o seu Companheiro de Trabalho, se já for conhecido, ou se
(como no caso de Patrícia e Arnold Crowther) eles foram iniciados na mesma
ocasião.
A
Iniciação de 2.º Grau promove um bruxo(a) de 1.º Grau a Sumo-Sacerdote ou
Sumo-Sacerdotisa; não necessariamente a líder do seu Coventículo, claro. Se
os nossos leitores não se importarem que estabeleçamos um paralelo com os
militares, a distinção é a mesma da existente entre "um" Coronel ou
"o" Coronel; o primeiro significa que estamos a falar do detentor
de um determinado posto, o segundo que estamos a falar do comandante de uma
unidade em particular.
Um
bruxo(a) de Segundo Grau pode iniciar outros apenas, claro, do sexo oposto, e
para o 1.º ou 2.º Graus. (As duas excepções especiais a esta regra já foram
explicadas na página 11). Estamos aqui a falar acerca da Tradição normal
Alexandrina ou Gardneriana. A auto-iniciação, e a fundação de Coventículos
quando não existe ajuda exterior disponível, é outro assunto, e iremos aprofundá-lo
na Secção XXIII; mas mesmo aí sugerimos que, quando um Coventículo
"auto-criado" está devidamente estabelecido e a funcionar, deve ser
bem entendido que se deve manter nas regras Alexandrinas/Gardnerianas (ou na
tradição equivalente em que se baseou).
Queremos
pôr muito ênfase na opinião que iniciar alguém acarreta responsabilidade para
o Iniciador, tanto em decidir se o Postulante é adequado (ou, se
potencialmente adequado, se está preparado) para esta fase, como em garantir
que o seu treino irá continuar. A Iniciação pode ter repercussões psíquicas e
kármicas muito fortes, e se for dada de uma forma irresponsável, os
resultados podem tornar-se parte do karma do próprio Iniciador. Os líderes
dos Coventículos devem lembrar-se disto quando decidem se alguém está pronto
para o segundo grau, e perguntar-se a si próprios em particular se o
candidato é maduro o suficiente para lhe ser confiado o direito de iniciar
outros; se não, os seus erros podem muito bem recair no seu karma!
Se
um bruxo(a) de segundo grau acabado de iniciar tiver sido bem escolhido e
devidamente ensinado, é óbvio que não estará ansioso de apressadamente
iniciar pessoas só porque as regras o permitem. A prática no nosso
Coventículo (e, estamos certos, em muitos outros) tem sido sempre que
bruxos(as) de segundo e terceiro grau que não sejam o Sumo-Sacerdote ou a
Sumo-Sacerdotisa não conduzem normalmente iniciações excepto a pedido, ou com
a aprovação, da Sumo-Sacerdotisa. Muitas vezes isto acontecerá se o
Postulante é um amigo apresentado pelo membro em causa, ou se estes desejam
ser companheiros de trabalho. Ou pode ser feito para dar ao membro prática e
auto-confiança no Ritual.
Outra
implicação de ser um(a) bruxo(a) de Segundo Grau é que se pode, com a
aprovação da Sumo-Sacerdotisa, deixar o Coventículo e fundar o seu próprio
Coventículo com o companheiro de trabalho. Nesse caso, fica-se ainda sob as
orientações do Coventículo de origem até os seus líderes decidirem que se
está pronto para a independência total; eles darão então a Iniciação de
Terceiro Grau, depois da qual ficam completamente autónomos. (Nós próprios
seguimos este padrão; o Alex e a Maxim Sanders deram-nos o Segundo Grau no
dia 17 de Outubro de 1970; mantivemo-nos no Coventículo deles mais alguns
meses e então, com a sua aprovação, trouxemos três dos seus estudantes que
ainda não tinham sido iniciados e fundámos o nosso próprio Coventículo em 22
de Dezembro de 1970, iniciando nós próprios estes estudantes. No dia 24 de
Abril de 1971 Sanders deu-nos o Terceiro Grau, e o nosso Coventículo
tornou-se então independente. Temos razões para acreditar que o Alex, pelo
menos mais tarde, desejou que o cordão umbilical não tivesse sido cortado tão
cedo. Mas aconteceu, e sem malícia estamos preparados para aguardar o
resultado.)
A
tradição, pelo menos na Arte Gardneriana, é que a nova base do Coventículo
deve estar a pelo menos 5 quilómetros do antigo e que os seus membros devem
evitar qualquer contacto com os membros do antigo Coventículo. Qualquer
contacto necessário deve existir apenas entre o Sumo-Sacerdote e a
Sumo-Sacerdotisa dos dois Coventículos. Esta prática é chamada de "fora
do Coventículo" e obviamente tem as suas raízes nos séculos de
perseguição.
Seria
muito difícil observá-lo na prática nos nossos dias, particularmente em condições
urbanas; esta regra, por exemplo, seria quase impraticável em locais como
Londres, Nova Iorque, Sydney ou Amesterdão. Mas ainda há muito a dizer acerca
de "voiding the Coventículo" no sentido da prevenção deliberada e
da sobreposição de trabalho entre o Coventículo antigo e o novo. Se isto não
for feito, as fronteiras esbater-se-ão, e o novo grupo terá muitas
dificuldades em estabelecer a sua própria identidade e em construir o seu
próprio espírito de grupo. Pode mesmo existir uma tendência, entre os membros
mais fracos do novo Coventículo, de "fugir para a Mamã" com
críticas aos seus líderes que a "Mamã", se for sábia, desencorajará
firmemente.
A
Maxime impôs a regra do "fora do Coventículo" rigorosamente no seu
recém-formado grupo; e, em retrospectiva, estamos satisfeitos que o tenha
feito.
Dois
ou mais Coventículos (incluindo os Coventículos com estas relações e seus
"frutos") podem sempre juntar-se, por convite ou por acordo mútuo,
para um dos Festivais do Ano, e estes Festivais combinados podem ser muito
agradáveis; mas são ocasiões de celebração e não de trabalho. Trabalhos
combinados, por outro lado, não são geralmente muito boa ideia, excepto com
objectivos específicos e em circunstâncias especiais (o exemplo clássico é
talvez o famoso esforço em tempo de guerra dos Bruxos do Sul de Inglaterra de
frustrar os planos de invasão de Hitler no entanto o "objectivo
específico", a motivação não tem de ser tão forte como esta.)
Os
bruxos de Segundo e Terceiro Grau formam os "anciães" do
Coventículo. Como, e quantas vezes, são estes chamados nesta qualidade, é da
responsabilidade da Sumo-Sacerdotisa. Mas, por exemplo, num assunto
disciplinar em que a Sumo-Sacerdotisa sinta que não deve apenas agir com a
sua autoridade pessoal, os "anciães" fornecem um "júri"
natural. A Sumo-Sacerdotisa deve ser a líder inquestionável do Coventículo e
dentro do círculo, absolutamente; se alguém tem dúvidas honestas acerca das
suas decisões, a questão pode ser calmamente levantada depois do Círculo ter
sido banido. Mas ela não deve ser uma tirana prepotente. Se ela e o seu
Sumo-Sacerdote tiverem respeito e depositarem confiança suficientes em
membros específicos do seu Coventículo para os fazerem anciães, devem dar o
devido valor aos seus conselhos quanto às decisões do Coventículo e ao
trabalho a ser feito.
Todas
estas questões parecem desviar o assunto da Iniciação de Segundo Grau para
tópicos mais gerais; mas é extremamente relevante para esta questão decidir
quem está e quem não está pronto para o Segundo Grau.
É
como diz o próprio ritual de Iniciação: os Textos B e C do Livro das Sombras
de Gardner são idênticos. A primeira parte do ritual de segundo grau segue um
padrão similar ao do primeiro (apesar das diferenças próprias): o acto de
atar o Iniciado, a apresentação aos pontos cardeais, as chicotadas rituais, a
consagração com óleo, vinho e lábios, o desatar, a apresentação dos
instrumentos de trabalho (mas desta vez para serem utilizados ritualmente
pelo Iniciado de imediato) e a segunda apresentação aos pontos cardeais.
Existem
três elementos que pertencem ao ritual de Segundo Grau que não são parte do
ritual de Primeiro Grau.
Primeiro,
é atribuído ao Iniciado um nome de Bruxo (nome mágico), que ela ou ele
escolheu previamente. A escolha é inteiramente pessoal. Pode ser um nome de
um Deus ou de uma Deusa que expresse uma qualidade a que o Iniciado aspire,
como Vulcano, Thétis, Thoth, Poséidon ou Ma'at. (Os nomes mais elevados de
cada panteão particular, como Zeus ou Ísis, devem, sugerimos, ser evitados;
eles podem ser interpretados como arrogância implícita do Iniciado). Ou pode
ser um nome de uma figura histórica ou lendária, de novo implicando um
aspecto particular, como Amerfin o Bardo, Morgana, a Feiticeira, Orpheus, o
Músico, ou Pythia, o Oráculo. Pode mesmo ser um nome sintético construído com
as letras iniciais de aspectos que criem um equilíbrio desejável no Iniciado
(um processo desenhado a partir de um certo tipo de magia ritual). Mas,
qualquer que seja a escolha, não deve ser casual ou apressada; uma consideração
e meditação aprofundadas antes da escolha é em si um acto mágico.
Segundo,
depois do Juramento o Iniciador ritualmente envia todo o seu poder para o
Iniciado. Também isto não é uma cerimónia, mas um acto de concentração mágica
deliberada, em que o Iniciador aposta tudo o possível em manter e lidar com a
continuidade do poder psíquico na Arte (Craft no original).
E
em terceiro lugar, o uso ritual das cordas e do chicote é a ocasião para
dramatizar uma lição acerca do que é muita vezes chamado de "efeito boomerang";
nomeadamente, que qualquer esforço mágico, quer para fazer o bem ou fazer o
mal, retorna a triplicar para a pessoa que o faz. O Iniciado usa as cordas
para amarrar o Iniciador da mesma forma que o Iniciado(a) foi amarrado
anteriormente, e então dá ao Iniciador três vezes as chicotadas rituais que o
Iniciador lhe deu. Isto é ao mesmo tempo uma lição e um teste para verificar
se o Iniciado amadureceu o suficiente para reagir às acções de outras pessoas
com a necessária contenção. Um aspecto mais subtil da lição é que, apesar de
o Iniciador estar no comando, este não é fixo nem eterno, mas é antes uma
confiança o tipo de confiança que agora está depositada também no Iniciado;
porque ambos (Iniciador e Iniciado) têm por último posição igual no plano cósmico,
e ambos são canais para o poder ser invocado, não a sua fonte.
A
segunda parte do ritual é a leitura, ou aprovação, da Lenda da "Descida
da Deusa do Mundo do Subterrâneo". Temos esta em completo detalhe,
acompanhado com os movimentos a executar, na Secção XIV dos Oito Sabbats para
Bruxas; assim tudo o que aqui fazemos é transmitir o texto em si, como surge
nos Textos B e C do Livro das Sombras. A Doreen Valiente comenta que o nosso
texto no Oito Sabates para Bruxas "é um pouco mais cheio que este (e
incidentalmente aponta que a palavra "Controlador" na p.171, linha
7, da primeira edição devia ser "Consolador" (trad. letra!).)
Gardner dá uma versão ligeiramente diferente no Capítulo III da Witchcraft Todas(1);
mas aqui mantivemo-nos no conteúdo do Texto C (com duas pequenas excepções
ver p. 303, notas 10 e 11.)
A
Doreen diz-nos que no Coventículo de Gardner, "esta Lenda era lida
depois da Iniciação de Segundo Grau, quando todos estavam calmamente sentados
no Círculo. Se existissem suficientes pessoas presentes, poderia ser também
dramatizada, com os intervenientes fazendo os gestos enquanto uma pessoa lê
alto a Lenda."
No
nosso representamos sempre a Lenda enquanto um narrador a lê e é possível que
tenhamos os autores a ler as suas próprias falas. Pensamos que a Lenda
dramatizada, com o Iniciado no papel de Senhor do Submundo se for um homem,
ou de Deusa se for uma mulher, é muito mais eficaz que uma mera leitura da
Lenda. É uma questão de opção; mas aqueles que partilham a nossa preferência
por uma representação são referidos no "Oito Sabates para Bruxas".
No
ritual que se descreve abaixo, uma vez que o Iniciado já é bruxo(a),
referimo-nos sempre como "Iniciado"; e voltamos a referir-nos ao
Iniciador como "ela", o Iniciado como "ele", e o
Companheiro como "ele", por uma questão de simplicidade apesar de,
como antes, poder ser ao contrário.
Queríamos
referir que os bruxos Americanos usam agora universalmente o pentagrama
direito isto é, apenas com uma ponta para cima como sigla do Segundo Grau,
porque o pentagrama invertido é associado com o pensamento americano sobre o
satanismo. Os bruxos europeus, no entanto, ainda usam o tradicional
pentagrama invertido, com as duas pontas para cima, mas sem implicações
sinistras. O simbolismo europeu significa que, não obstante os quatro
elementos de Terra, Ar, Fogo e Água estarem agora em equilíbrio, ainda
dominam o quinto, o Espírito. O pentagrama direito do Terceiro Grau simboliza
que agora o Espírito domina, rege os outros. Dada a diferença entre o uso
Europeu e o Americano, damos duas alternativas no procedimento da unção no
ritual que se segue.
Tudo
é preparado como para um Círculo normal, com os seguintes itens adicionais
também preparados:
·
Uma venda;
·
Três comprimentos de corda vermelha: uma com 2,75m
e duas com 1,45m;
·
Óleo de unção;
·
Uma vela branca nova não acesa;
·
Um pequeno sino de mão;
·
Algumas jóias;
·
Um colar no Altar;
·
Um véu;
·
Uma coroa;
As
jóias são para a mulher fazer o papel de Deusa; assim, se o ritual for de
"Véu do Céu" estas devem obviamente ser coisas como pulseiras,
anéis e brincos, e não alfinetes de peito! A coroa é para o homem que
representa o papel de Deus do Submundo e pode ser tão simples como um círculo
de arame se nada melhor estiver disponível.
A
venda deve ser de algum material opaco, como para o primeiro grau; mas o véu
deve ser leve, fino e bonito, e preferentemente numa das cores da Deusa azul,
verde ou prateado.
O
ritual de abertura é o usual até ao fim da invocação do "Grande Deus
Cernunnos", com o Iniciado a tomar o seu lugar normal no Coventículo. No
fim da invocação de Cernunnos, o Iniciado vai para o centro do Círculo e é
atado e vendado pelos bruxos(as), exactamente como na Iniciação de
primeiro grau.
O
Iniciador conduz o Iniciado aos pontos cardeais em volta e diz:
"Ouçam
ó Poderosos do Este [Sul, Oeste, Norte], ___________(nome vulgar), um
Sacerdote e Bruxo consagrado, está agora devidamente preparado para ser Sumo
Sacerdote e Mago [Sumo Sacerdotisa e Rainha Feiticeira](2)
O
Iniciador conduz o Iniciado de volta para o centro do Círculo e vira-o para o
altar. Ele e o Coventículo dão as mãos e rodeiam-no três vezes.(3)
Os
bruxos que ataram o Iniciado completam agora a tarefa desapertando as pontas
soltas das cordas do joelho e tornozelo e apertando os joelhos e tornozelos
juntos. Podem então ajudá-lo a ajoelhar-se em frente ao altar.
O
Iniciador diz:
"Para
atingir este sublime grau, é necessário sofrer e ser purificado. Estás
disposto a sofrer para aprender?"
O
Iniciado diz:
"Estou."
O
Iniciador diz:
"Purifico-te
para que tomes acertadamente este grande Juramento."
"Dou-te
agora um novo nome,_________[o seu nome mágico escolhido]. Qual é o teu
nome?" Ele dá-lhe uma pequena pancada enquanto pergunta(4).
O
Iniciado responde:
"O
meu nome é __________(repetindo o seu novo nome mágico.)
Cada
membro do Coventículo em volta dá então ao Iniciado um pequeno empurrão, perguntando "Qual é o teu nome?" e o Iniciado responde
sempre "O meu nome é________." Quando o Iniciador decide que é
suficiente, dá um sinal ao Coventículo para parar, tomando os seus membros os
respectivos lugares.
O
Iniciador então diz (frase a frase):
"Repete
o teu nome depois de mim, dizendo: "Eu,_________, juro sobre o ventre da
minha mão, e pela minha honra entre os homens e entre os meus Irmãos e Irmãs
da Arte, que nunca revelarei, a qualquer pessoa, algum dos Segredos da Arte,
excepto se for uma pessoa merecedora, devidamente preparada, no centro de um
Círculo Mágico como este onde agora estou. Isto eu juro pelas minhas esperanças
na salvação, pelas minhas vidas passadas, e pelas minhas esperanças nas vidas
futuras ainda para vir; e destino-me e à minha medida à destruição se eu
quebrar este meu Juramento solene." O Iniciador ajoelha-se ao lado do
Iniciado e põe a sua mão esquerda sob o seu joelho e a sua mão direita na sua
cabeça, para formar a Ligação Mágica.
Então
diz:
"Deposito
em ti todo o meu poder."
Mantendo
as mãos na posição da Ligação Mágica ele concentra-se pelo tempo que julgar
necessário para depositar todo o seu poder no Iniciado.(5)
Depois
disto, levanta-se.
Os
bruxos que amarraram o Iniciado avançam, libertam os joelhos e tornozelos do
Iniciado e ajudam-no a levantar-se. O Companheiro traz o cálice de vinho e o
óleo de unção.
O
Iniciador molha a ponta do dedo no óleo e diz:
"Consagro-te
com óleo."
Então
toca no Iniciado com o óleo mesmo acima do pêlo púbico, no seu peito direito,
na sua anca esquerda, na sua anca direita, no seu peito direito e novamente
acima do pêlo púbico, completando o pentagrama invertido do Segundo Grau.
Molha
então o dedo no vinho, diz "Consagro-te com vinho", e toca-lhe nos
mesmos locais com o vinho.
Então
diz "Consagro-te com os meus lábios", beija-o nos mesmos locais e
continua: "Sumo Sacerdote e Mago (Sumo Sacerdotisa e Rainha
Feiticeira)."
Os
bruxos(as) que amarraram o Iniciado avançam e removem a venda para o cumprimentar
e lhe dar os parabéns, beijando-o ou apertando a mão conforme apropriado. Uma
vez isto feito, o ritual continua com a apresentação e uso dos instrumentos
de trabalho. À medida que cada instrumento é nomeado, o Iniciador trá-lo do
altar e dá-o ao Iniciado com um beijo. Outro bruxo do mesmo sexo que o
Iniciador espera, e à medida que cada ferramenta acaba de ser apresentada,
recebe-a do Iniciado com um beijo e recoloca-a no altar.
Para
começar, o Iniciador diz:
"Agora
irás usar os Instrumentos de Trabalho. Primeiro, a Espada Mágica."
O
Iniciado pega na espada e reabre o Círculo, mas sem falar.
O
Iniciador diz: "Em segundo lugar, o Athame."
O
Iniciado pega no Athame e novamente reabre o Círculo sem falar.
O
Iniciador diz: "Em terceiro lugar, a Faca de Cabo Branco."
O
Iniciado pega na faca de cabo branco e vai buscar a vela branca por acender
ao altar. Então usa a faca para inscrever um pentagrama na vela, que recoloca
depois no altar.(7)
O
Iniciador diz: "Em quarto lugar, a Varinha."
O
Iniciado pega na varinha e agita-a aos quatros pontos cardeais em volta.(8)
O
Iniciador diz: "Em quinto lugar, o Cálice."
Então
o Iniciado e o Iniciador consagram juntos o vinho no cálice.(9)
O
Iniciador diz: "Em sexto lugar, o Pentáculo."
O
Iniciador pega no Pentáculo e mostra-o aos quatro pontos cardeais em volta.
O
Iniciador diz: "Em sétimo lugar, o Incensário."
O
Iniciado pega no Incensário e transporta-o à volta do perímetro do Círculo.
O
Iniciador diz: "Em oitavo lugar, as Cordas."
O
Iniciado pega nas cordas e, com a ajuda do Companheiro, amarra o Iniciador da
mesma maneira que ele próprio foi amarrado. Iniciado e Companheiro ajudam
então o Iniciador a ajoelhar-se em frente ao altar.
O
Iniciador diz:
"Para que aprendas, na Arte (Witchcraft) deves sempre
dar como receber, mas sempre a triplicar. Por isso onde te deram três, devolve
nove; onde deram sete, devolve vinte e um; onde deram nove, devolve vinte e sete;
onde deram vinte e um, devolve sessenta e três."
O
Iniciador diz:
"Obedeceste
à Lei. Mas lembra-te bem, quando receberes o bem, também estás incumbido de
devolver o bem triplamente."
O
Iniciado, com a ajuda do Companheiro, ajuda o Iniciador a levantar-se e
desamarra-o.
O
Iniciador leva agora o Iniciado a cada um dos pontos cardeais em volta,
dizendo: "Ouçam, ó Poderosos do Este [Sul, Oeste, Norte]: __________
[nome mágico]foi devidamente consagrado Sumo Sacerdote e Mago [Sumo
Sacerdotisa e Rainha Feiticeira]."
O
Coventículo prepara-se agora para a Lenda da "Descida da Deusa do Mundo
do Subterrâneo". O Iniciador nomeia um Narrador para ler a Lenda, se não
for ele próprio a ler. Se a Lenda também for dramatizada, então nomeará
actores para a Deusa, o Senhor do Submundo, e o Guardião dos Portais. É usual
que o Iniciado represente o papel ou de Deusa ou de Senhor do Submundo, de
acordo com o sexo, e que o seu companheiro de trabalho (se existir um)
represente o outro. Na tradição mitológica restrita, o Guardião deve ser um
homem, mas não é essencial.(Nos textos de Gardner, "Guardiães" é
plural, mas este facto parece colidir com a mitologia.)
A
Lenda da Descida da Deusa do Mundo do Subterrâneo (10)
A
nossa Senhora a Deusa nunca amou, mas Ela resolvia todos os Mistérios, até o
Mistério da Morte; então fez uma viagem ao Submundo.(11)
Os
Guardiães dos Portais desafiaram-na: "Despe os teus trajes, tira as tuas
jóias; porque não os podes trazer para esta nossa Terra."
Então
Ela despiu os seus trajes e tirou as suas jóias, e foi amarrada, como todos
os que entram no Reino da Morte, a Poderosa.(12)
E
era tal a sua beleza, que a própria Morte se ajoelhou e beijou os seus pés,
dizendo: "Abençoados sejam os teus pés, que te trouxeram para estes
caminhos. Fica comigo; mas deixa-me pôr a minha mão fria no teu
coração."
Ela
respondeu: "Eu não te amo. Porque é que acabas com todas as coisas que
amo e tens prazer em que esmoreçam e morram?"
"Senhora",
respondeu a Morte, "esta idade e destino, contra as quais nada posso
fazer. A idade faz com que todas as coisas murchem; mas quando os homens
morrem no fim do tempo, eu dou-lhes descanso e paz, força para que eles
possam retornar. Mas Tu! Tu és maravilhosa. Não voltes; fica comigo!"
Mas
ela respondeu: "Não te amo".
Então
disse a Morte: "Como não recebeste nem a minha mão ou o teu coração,
terás de receber o chicote da Morte".
"É
o destino assim seja," disse Ela. E Ela ajoelhou-se, e a Morte
chicoteou-a carinhosamente. E ela chorou, "Sinto as pancadas do
amor".
E
a Morte disse, "Abençoada Sejas!" e deu-lhe o Beijo Quíntuplo,
dizendo: "Que assim te possas manter na alegria e conhecimento." E
Ele ensinou-Lhe todos os Mistérios, e Eles amaram e foram um, e Ele
ensinou-Lhe todas as Magias.
Porque
existem três grandes acontecimentos na vida de um homem: Amor, Morte e
Ressurreição no novo corpo; e a Magia controla-os todos. Pois para realizar o
Amor deves voltar ao mesmo sítio e lugar e na mesma altura que a pessoa que
amas, e deves lembrar-te e amá-la novamente. Mas para renascer tens de morrer
e estar pronto para um corpo novo; e para morrer tens de ter nascido; e sem
amor não podes nascer; e isto é tudo a Magia.
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3 - Iniciação do Terceiro Grau
A Iniciação de Terceiro Grau eleva um bruxo ao mais alto dos três níveis da Arte. Resumindo, um bruxo de Terceiro Grau é totalmente independente, respondendo apenas aos Deuses e à sua própria consciência. Pode Iniciar outros no Primeiro, Segundo ou Terceiro Graus e pode fundar um Coventículo completamente autónomo que (ao contrário daqueles com líderes de Segundo Grau) já não está sujeito à orientação do Coventículo-Mãe. No entanto, é óbvio que enquanto permanecer membro do Coventículo-Mãe esta independência está suspensa; cada membro do Coventículo, qualquer seja o seu Grau, deve aceitar a autoridade da Sumo-Sacerdotisa e do Sumo Sacerdote; se um membro do Terceiro Grau já não o conseguir fazer, é altura de abandonar este Coventículo e fundar o seu próprio.
É
como diz na Lei(1): "Se eles não concordarem com os seus Irmãos, ou se
disserem "não trabalharei sob esta Sumo-Sacerdotisa", a Antiga Lei
tem sido sempre favorável ao Irmão e com o objectivo de evitar confrontos.
Qualquer um do Terceiro pode reclamar o direito de fundar um novo
Coventículo..."
O
Ritual de Iniciação do Terceiro Grau é o Grande Rito. Nós damos uma das formas
deste, para uso nos Festivais, na Secção II do livro Oito Sabbats para Bruxas.
Abaixo, fornecemos a versão do Texto B de Gardner, mais o Texto C, que é uma
forma alternativa da Declamação(2). Cada uma destas três formas pode ser
"real" ou Simbólica. Todas estas formas de executar o Grande Rito diferem,
mas a sua intenção e espírito são os mesmos; e fazemos questão de por máximo
ênfase na convicção que qualquer outra forma de Ritual que seja adequada para
um Coventículo em particular será igualmente válido desde que a intenção e o
espírito tenham sido entendidos e sejam expressados de forma verdadeira.
Na
sua forma "real" o Grande Rito é um Ritual sexual que envolve
relações sexuais entre o homem e a mulher que o executam. Na sua forma
simbólica pode ser chamado um Ritual genérico, de polaridade homem-mulher mas
não envolvendo relações sexuais entre eles.
Lidamos
aprofundadamente a atitude wiccana em relação ao sexo na Secção XV mais abaixo.
Mas para evitar equívocos queremos aqui frisar que um bruxo, o sexo é sagrado
uma força polarizada, linda e sem vergonha que é intrínseca à natureza do
Universo. É suposto que seja tratado com reverência, mas sem puritanismo. A
Arte não pede desculpas por usar as relações sexuais entre o homem e uma mulher
adequados, em privado, como um sacramento mental e espiritual. A chave para o
"real" (portanto para o simbólico) Grande Rito é o voto na
Declamação: "porque não existe parte de nós que não seja dos Deuses".
No
Ritual, o corpo da Sacerdotisa é visto como o Altar da Deusa que ela representa
e pela qual é um canal. O seu ventre focal é adorado como "a fonte da vida
sem a qual nós não existiríamos"; e nenhumas desculpas serão também
devidas para este simbolismo antigo e sagrado.
A
questão, é claro, quem são "o homem e a mulher apropriados" para
executar o Grande Rito "real" em vez do simbólico?
Diríamos
categoricamente "e pesarmos que a maioria da Arte concorda connosco"
que deve ser apenas um homem e uma mulher entre os quais as relações sexuais
sejam já uma parte normal e amorosa da sua relação; por outras palavras marido
e mulher ou amantes com uma relação duradora. E deve ser sempre executado em
privado.(3) A Wicca é descomplexada, mas não promíscua ou voyeurística. O
Grande Rito "real" deve invocar todos os níveis e um envolvimento
total como este, na atmosfera de ampliação de poder de um Ritual solene, traria
violência a qualquer relacionamento que não estivesse já harmonizado para esse
efeito.
No
entanto isto não implica que o Grande Rito Simbólico seja uma mera encenação ou
de alguma forma ineficaz. Pode ser um Rito poderoso e comovente, quando
executado sinceramente por dois amigos sinceros que não sejam amantes. Este,
também invoca os níveis, mas de uma forma que um irmão e irmã da Arte maduros
são bem capazes de suportar.
Porque
a Arte usa um ritual sexual para marcar o seu mais alto grau de Iniciação?
Porque expressa três princípios fundamentais da Arte. Primeiro, que a base de
todo o trabalho mágico ou criativo é a polaridade, a interacção de aspectos
complementares. Segundo "Assim na terra como no Céu"; nós somos da
natureza dos Deuses, um homem e uma mulher completamente realizados são canais
para essa divindade, uma manifestação do Deus e da Deusa, (cada um manifestando
elementos dos dois). E terceiro, que todos os níveis do físico ao espiritual
são igualmente sagrados.
Um
homem e uma mulher que estão prontos para o seu 3º Grau são bruxos que se
desenvolveram até a um nível onde os três princípios não são meramente
apreendidos em teoria mas estão integrados na sua própria atitude devida e
portanto no seu trabalho na Arte. Assim, o Grande Rito "real" ou
simbólico, expressa ritualmente o seu estado de desenvolvimento.
Como
será então o Grande Rito aplicado na prática na Iniciação do 3º Grau?
Existem
apenas dois participantes activos, quer em toda a duração do Ritual Simbólico
ou na primeira parte de um Ritual "real". Estes dois podem ser tanto
homem (já 3º Grau) a iniciar a mulher, ou a mulher (já 3º Grau) a iniciar o
homem; ou podem ambos ser do 2º Grau, iniciando-se no 3º Grau juntos sobre a
supervisão da Sumo-Sacerdotisa ou do Sumo-Sacerdote. O último caso é
particularmente adequado para uma parceria de trabalho, especialmente se
estiverem a preparar-se para constituir o seu próprio Coventículo ou se já
dirigem um como bruxos de 2º Grau sob a orientação do Coventículo-Mãe (nós
próprios recebemos o 3º Grau nestas cisrcunstâncias como explicamos na pág.
32).
O
Ritual em qualquer destes casos é o mesmo; por isso, no texto que se segue
referimo-nos à mulher e ao homem simplesmente como a "Sacerdotisa" ou
"Sacerdote".
A
menos que o Sacerdote seja Sumo-Sacerdote, acostumado a executar o Grande Rito
em Festivais ou noutras ocasiões, seria pedir muito esperar que ele conhecesse
a longa Declamação de cor. Por isso, é uma questão de escolha se ele o lê ou é
o Sumo-Sacerdote a declamá-lo enquanto o executa. "Esta é a única situação
em que uma terceira pessoa toma parte activa". Se o Ritual é o
"real" terá concerteza de ser ele próprio a ler ou a arender as
passagens finais.
Os
textos do Grande Rito de Gardner incluem três flagelações rituais sucessivas ao
homem pela mulher, à mulher pelo homem, e novamente ao homem pela mulher. Nós
não usamos esta forma mas transmitimo-la mais abaixo para ficar mais completo,
uma vez que o seu uso é opcional. Alguns bruxos defendem que Gardner gostava de
mais da flagelação ritual, e muitos dos seus detractores mantêm a ideia que ele
tinha o vício psicologicamente pouco saudável de flagelar. À parte do facto de
que seja pouco provável que uma pessoa tão notoriamente gentil como Gardner,
tivesse algumas dessas inclinações, tudo isto é baseado num completo mal
entendido. A técnica de atar suavemente e da flagelação gentil nem sequer é um
simbólico "sofrer para aprender" como é nos rituais de 1º e 2º Graus;
é um método deliberado e tradicional rodeado com precauções, para "ganhar
visão" influenciando a circulação sanguínea. é descrito em detalhe uma
passagem não-ritual do Livro das Sombras, que transcrevemos na íntegra nas pág.
58 a 60, com os nossos comentários e da Doreen Valiente.
Nos
textos A, B ou C menciona ou descreve a fase em que a Sacerdotisa, depois do
Beijo Quíntuplo, se deita no Altar ou à sua frente, onde ela tem que estar a
partir de "assiste-me para erigir o Antigo Altar" (ou o seu
equivalente). Mas Doreen Valiente diz-nos que a Sacerdotisa "estaria
deitada ao longo do Círculo colocada assim pelo Sacerdote, com a sua cabeça
para Leste e os pés para Oeste. Ela estaria deitada ou mesmo sobre o Altar ou
sobre um colchão adequado em frente a ele com uma almofada por baixo da cabeça.
Sacerdote ajoelharia ao lado dela, virado para Norte".
Diagrama do Beijo Quíntuplo
Assim,
na preparação ou o Altar (se for grande o suficiente para a Sacerdotisa se
deitar nele) deve estar livre das velas e instrumentos normais e estar
adequadamente confortável ou deve estar pronto o colchão. Usar o Altar parece
implicar o costume antigo de ter o Altar no centro do Círculo em vez de estar
no topo Norte (a prática usual hoje em dia, especialmente num quarto pequeno,
para deixar espaço para trabalhar) porque Doreen continua dizendo: "Nesta
posição, a Vagina da Sacerdotisa deve de facto estar no centro do Círculo"
assim, simbolizando a sua significância focal como "o ponto dentro do
centro" como a Declamação se refere. Se, então, um colchão for usado, deve
ser colocado ao longo do diâmetro Leste-Oeste.
Se
as flagelações rituais forem incluídas deve estar à mão uma corda vermelha com
2,74 m para amarar a Sacerdotisa com a função de a guiar.
Devem
estar preparados como o usual o Cálice cheio de vinho e bolos. Da mesma forma
deve estar o Athame e o Chicote da Sacerdotisa (quer a flagelação esteja ou não
incluída, porque ela tem que pegar neles em duas fases na posição de Osíris).
Se
a Sacerdotisa não se sentar no próprio Altar no início do Ritual, um trono
adequado (uma cadeira forrada a tecido) deve ser colocada em frente ao Altar.
A
Sacerdotisa senta-se no Altar (ou no Trono em frente a Altar) com as costa para
Norte, segurando o Athame na mão direita e o Chicote na esquerda na posição de
Osíris (pulsos cruzados em frente ao peito).
O
Sacerdote ajoelha-se em frente a ela, beija os seus joelhos e pousa os seus
antebraços ao longo das suas coxas. Inclina a cabeça de forma a encostar a
testa nos seus joelhos e permanece aí por um momento4.
Então
levanta-se e vai buscar o Cálice cheio. Ajoelha-se novamente levantando o
Cálice para a Sacerdotisa.
A
Sacerdotisa pousa o Chicote e segurando o cabo do Athame na palma das suas
mãos, baixa a ponta dentro do vinho, dizendo:
"Assim
como o Athame está para o homem, está a taça para a mulher(5); e juntos, trazem
a benção".
Ela
então pousa o Athame, pega no Cálice, beija o Sacerdote e bebe. Ela volta a beijá-lo
e dá-lhe o Cálice.
O
Sacerdote bebe, levanta-se e dá o Cálice a outra mulher com um beijo. O vinho é
passado de mulher para homem e de homem para mulher com um beijo, até todos
terem bebido, sendo então o Cálice devolvido ao Altar.
O
Sacerdote vai buscar o prato(6) de bolos e ajoelha-se novamente em frente à
Sacerdotisa, segurando o prato à frente dela.
A
Sacerdotisa toca cada bolo com a ponta molhada do seu Athame, enquanto o
Sacerdote diz:
"Ó
Rainha a mais secreta abençoa este alimento para os nossos corpos concedendo
saúde, riqueza, força, júbilo e paz e aquela plenitude de Vontade, e Amor sob a
Vontade, que é a perpétua felicidade".(7)
A
Sacerdotisa pega num bolo e come um pouco e então beija o Sacerdote, que também
pega num bolo. Os bolos são então passados à volta com um beijo da mesma
maneira que o Cálice foi passado, sendo então o prato devolvido ao Altar.
Então
o Sacerdote beija novamente os dois joelhos da Sacerdotisa pousa os antebraços
nas suas coxas e encosta a testa aos seus joelhos por um momento. Neste
momento, o Sacerdote e a Sacerdotisa levantam-se.
(Se
as chicotadas não fazerem parte do Ritual, proceder directamente para a
apresentação aos Guardiães, e para a Declaração do Sacerdote, "Agora tenho
de revelar um grande mistério. Se não...").
O
Sacerdote diz:
"Aqui
ouso proceder com este sublime Ritual, devo implorar purificação nas tuas
mãos".
A
Sacerdotisa vai buscar uma corda vermelha e ata o Sacerdote, atando o meio da
corda à volta dos seus pulsos atrás das costas, trazendo as duas metades da
corda sobre os seus ombros para as atar em frente ao seu pescoço, deixando as
pontas penduradas no seu peito como trela. Ela então leva-o à volta do Círculo
em sentido deosil, guiando-o pela trela.
Depois
o Sacerdote ajoelha-se frente ao Altar. A Sacerdotisa vai buscar o Chicote e
dá-lhe três(8) leves chicotadas. Então, pousa o Chicote no Altar.
O
Sacerdote levanta-se e a Sacerdotisa desata-o. Ele então ata-o da mesma forma e
leva-a a dar uma volta em sentido deosil, guiando-a pela trela. Ela ajoelha-se
frente ao Altar.
A
Sacerdotisa levanta-se e o Sacerdote leva-a pela trela a cada um dos quadrantes
à volta, dizendo:
"Ouçam,
ó Poderosos do Leste (Sul, Oeste, Norte): ________________, duplamente
(triplamente)(9) sagrada e consagrada Sumo-Sacerdotisa e Rainha Feiticeira,
esta devidamente preparada, irá agora erigir o Altar Sagrado".
Então
ele desata-a e diz:
"Agora
devo novamente implorar purificação"
A
Sacerdotisa desata-o. Ele fica em pé e ela desata-o colocando a corda no
Altar
O
Sacerdote diz:
"Agora
devo revelar um grande Mistério"(10)
A
Sacerdotisa fica de costas para o Altar na Posição de Osíris. O Sacerdote dá-lhe então o Beijo
Quíntuplo.
Agora
a Sacerdotisa deita-se de costas, no Altar ou no colchão n centro do Círculo. A
sua cabeça está para Leste e os pés para Oeste.
O
Sacerdote ajoelha-se ao lado dela, virado para Norte. (Na seguinte Declamação,
"Beijo" significa que ele a beija mesmo acima do pêlo púbico, excepto
nas duas alturas em que é descrito de outra forma nomeadamente, os beijos nos
seios e os beijos do Sigilo do 3º Grau).
O
Sacerdote diz:
"Assiste-me
para erigir o antigo Altar, no qual em dias pretéritos todos veneram;
O grande Altar de todas as coisas.
Pois outrora, a Mulher era o Altar.
Assim era o Altar feito e disposto,
E o sítio sagrado era o ponto do centro do Círculo.
Como fomos ensinados pelos antigos que o centro é a origem de todas as coisas,
E portanto, devemos nós adorá-lo (Beijo);
A quem adoramos igualmente invocamos, pelo poder da Lança eguida".
O grande Altar de todas as coisas.
Pois outrora, a Mulher era o Altar.
Assim era o Altar feito e disposto,
E o sítio sagrado era o ponto do centro do Círculo.
Como fomos ensinados pelos antigos que o centro é a origem de todas as coisas,
E portanto, devemos nós adorá-lo (Beijo);
A quem adoramos igualmente invocamos, pelo poder da Lança eguida".
(Ele
toca no seu próprio falo e continua):
"Ó
Círculo de Estrelas (Beijo),
De quem nosso pai é apenas irmão mais jovem (Beijo),
Maravilha além da imaginação, alma do espaço infinito,
Ante a qual o tempo se envergonha, a mente se desnorteia, e o entendimento é obscurecido,
A ti não podemos atingir a menos que a tua imagem seja amor (Beijo).
Portanto pela semente e raiz, pelo talo e botão,
E pela folha, flor e frutos nós te invocamos,
Ó rainha do Espaço, Ó Jóia da Luz,
Contínua dos Céus (Beijo);
Deixa que assim sempre seja
Que os homens falem não de ti como Uma, mas como Nenhuma;
Que os homens falem de ti de modo algum, visto que és contínua.
Pois tu és o ponto interior do Círculo (Beijo), que adoramos (Beijo);
O ponto da vida, sem o qual não existiríamos (Beijo).
E deste modo verdadeiramente são erigidas as santas colunas gémeas12;
(Ele beija o seu peito esquerdo e depois o seio direito).
Em beleza e em força foram erigidos,
Para admiração e glória de todos os homens"
De quem nosso pai é apenas irmão mais jovem (Beijo),
Maravilha além da imaginação, alma do espaço infinito,
Ante a qual o tempo se envergonha, a mente se desnorteia, e o entendimento é obscurecido,
A ti não podemos atingir a menos que a tua imagem seja amor (Beijo).
Portanto pela semente e raiz, pelo talo e botão,
E pela folha, flor e frutos nós te invocamos,
Ó rainha do Espaço, Ó Jóia da Luz,
Contínua dos Céus (Beijo);
Deixa que assim sempre seja
Que os homens falem não de ti como Uma, mas como Nenhuma;
Que os homens falem de ti de modo algum, visto que és contínua.
Pois tu és o ponto interior do Círculo (Beijo), que adoramos (Beijo);
O ponto da vida, sem o qual não existiríamos (Beijo).
E deste modo verdadeiramente são erigidas as santas colunas gémeas12;
(Ele beija o seu peito esquerdo e depois o seio direito).
Em beleza e em força foram erigidos,
Para admiração e glória de todos os homens"
Se
o Grande Rito for "real" todos, menos o Sacerdote e a Sacerdotisa
saem do quarto abrindo o Portão Ritual e fechando-o atrás deles.
O
Sacerdote continua:
"Ó
Segredo dos Segredos,
Aquela Arte escondida na existência das nossas vidas,
Não és tu que adoramos,
Porque o que adoramos também és tu.
A tua Arte é a Arte que eu sou (Beijo).
Eu sou a chama que arde no coração de todos os homens
E no coração de cada estrela
Eu sou a vida e o dador da vida
No entanto o conhecimento de mim é o conhecimento da morte.
Eu sou sozinho, o Senhor dentro de nós próprios,
Cujo nome é o Mistério dos Mistérios".
Aquela Arte escondida na existência das nossas vidas,
Não és tu que adoramos,
Porque o que adoramos também és tu.
A tua Arte é a Arte que eu sou (Beijo).
Eu sou a chama que arde no coração de todos os homens
E no coração de cada estrela
Eu sou a vida e o dador da vida
No entanto o conhecimento de mim é o conhecimento da morte.
Eu sou sozinho, o Senhor dentro de nós próprios,
Cujo nome é o Mistério dos Mistérios".
Ele
então beija o padrão do Sigilo do 3º Grau (o triângulo invertido sobre o
Pentagrama direito13) como se segue: acima do pêlo púbico, no pé direito, no
joelho esquerdo, no joelho direito, no pé esquerdo e acima do pêlo púbico;
depois nos lábios, no seio esquerdo, no seio direito e por fim outra vez nos
lábios. (ver fig. 1)
Ele
inclina-se gentilmente sobre o dela(14) e diz:
"Abre
o caminho da inteligência entre nós;
Porque estes são verdadeiramente os Cinco Pontos da Amizade
Pé para pé,
Joelho para joelho,
Lança para Graal(15),
Seio para seio,
Lábios para lábios.
Pelo Grande e sagrado Cernunnos;
Em nome de Cerridwen;
Encoraja os nossos corações,
Deixa a luz cristalizar no nosso sangue,
Preenchendo a ressurreição em nós
Porque não existe parte de nós que não seja dos Deuses".
Porque estes são verdadeiramente os Cinco Pontos da Amizade
Pé para pé,
Joelho para joelho,
Lança para Graal(15),
Seio para seio,
Lábios para lábios.
Pelo Grande e sagrado Cernunnos;
Em nome de Cerridwen;
Encoraja os nossos corações,
Deixa a luz cristalizar no nosso sangue,
Preenchendo a ressurreição em nós
Porque não existe parte de nós que não seja dos Deuses".
O
Sacerdote levanta-se; a Sacerdotisa permanece onde está. O Sacerdote vai a cada
um dos pontos cardeais em volta, dizendo:
"Ó
Deuses dos Guardiães do Leste (Sul, Oeste, Norte); a triplamente consagrada a
Sumo-Sacerdotisa saúda-Vos e agradece-Vos".
FONTE:A BÍBLIA DOS BRUXOS(AS)