Ésbas e Sabás


Os Wiccanianos celebram ritos mensais e sazonais no intuito de se alinharem ao
ritmo natural das energias também naturais da Terra. Esses ritos particulares são
denominados Sabbaths e Esbbaths. Não que apenas se “seja” wiccaniano a praticar tais
ritos; como comentado anteriormente, a Wicca é particularmente iniciática. Os Wiccanianos
sabem que o são por 24 horas ao dia. Elevamos nossos pensamentos e emoções aos
Deuses a todo momento e acabamos por fazes da vida, dita profana (usual, casual, nãoreligiosa),
um verdadeiro exercício de nosso sacerdócio.
Mesmo para alguns antigos praticantes, a palavra Sabbath pode parecer estranha,
uma vez que também é utilizada na religião judaica.
“Nós praticamos ritos para nos alinharmos ao ritmo natural das forças
vitais, marcados pelas fases da Lua e aos feriados sazonais.”
A troca de hemisférios demanda automaticamente a troca de estações, inverno
pelo verão, etc
.                     
                                                   Sabbaths 

                                       
                                         Samhain


Hemisfério Norte (31/10) e Hemisfério Sul (30/04)
Samhain (pronuncia-se SOUEN) marca tanto o fim como o início de um novo
ano. É a festividade que se comemora o Dia dos Mortos.
Samhain é também conhecido sob o nome de Festa dos Mortos ou Festa das
Maçãs. Era a festa céltica dos mortos, venerando o Senhor Ariano da Morte, Samana (os
celtas chamavam-lhe vigília de Saman). Tem sua representatividade no inverno com a
chegada da fome, frio, tempestades. No hemisfério norte, a neve trazia a morte das
plantas, o fim das colheitas que ainda restassem. Assim, o homem aprendeu que era
necessário manter provisões para essa época do ano. É a noite em que a tênue linha
entre o mundo dos “vivos” e dos que já partiram fica mais frágil. Como a reencarnação
é um dogma da religião Wicca, não é uma data de tristeza pelos que já cruzaram a ponte
do Summerland (o paraíso Wiccaniano), é apenas um reconhecimento do fato inevitável
de que, se nascemos, um dia morreremos. É nessa noite em que o Deus tem sua Morte
simbólica (lembremo-nos do inverno em que o sol fica menos aparente). Na Roda do
Ano, Samhain marca o início da estação da morte: o inverno. A Deusa da Agricultura
abdica de seu poder sobre a Terra em favor do Deus Cornífero da Caça. Os campos
férteis do verão cedem o lugar às florestas nuas e brancas da neve.
Para celebrar Samhain, eram acessas fogueiras nos sidh, * ou colinas encantadas,
nas quais os espíritos residiam. Ali moravam os espíritos dos ancestrais e deuses
vencidos nos períodos mais remotos da história e da mitologia.
Alguns Wiccanianos acabam por confundir Samhain como uma criação cristã, a
festa de Halloween, o que a meu ver é um grande erro. O Halloween não é, e jamais foi,
uma prática dos seguidores das doutrinas pagãs ou mesmo neopagãs.
A expressão Halloween é criada da contração (feita de maneira errada) da
expressão “All Hallows Eve”, que significa no idioma inglês Dia de Todos os Santos, e
corresponde ao dia Primeiro de Novembro, que no catolicismo é o dia de reverência aos
Santos Mortos. É certo que no Século V a.C., na região denominada de Irlanda Céltica,
o verão terminava oficialmente no dia 31 de outubro com uma comemoração
(SAMHAIN) que traduzia o significado agrícola do fim dos dias de Sol, o início de um
ano novo e mais, a Morte abstrata de nossa deidade masculina para seu mergulho no
ventre da Mãe, propiciando assim, o início de mais um ano.
Fato é que a nova religião tentava se firmar por meio de conversões, sentindo-se
ameaçada em seus intuitos de prosetilismo, a exemplo de outras festividades pagãs
anteriormente plagiadas, adota essa mesma data como forma de manutenção (mesmo
que deturpada) dos costumes antigos e posteriormente ridicularizava nossos costumes
com a inserção de práticas de misticismo a eles. Cabe-nos ainda ressaltar que, mesmo o
costume do Jack O’Lantern (abóbora com a figura macabra recortada) é permeado de
bases profundamente cristãs com uma história que envolve conceitos como PECADO,
CÉU e INFERNO, conceitos que não encontravam lugar em nossas tradições e práticas  
filosóficas. Alguns bruxos até adotam belos Jack O’Lanterns em seus rituais, como uma
forma de satirizar o plágio da ritualística de Samhain pelo Halloween.
Maior agravante é a aceitação de uma festividade DETURPADA e PLAGIADA
que (com o mínimo de coerência) deveria ser comemorada na verdade, no mês de abril,
mais precisamente na data de 30/04, data em que nosso país, estando localizado no
hemisfério sul, considerava verdadeiramente o final da estação conhecida como
VERÃO.“Nós praticamos ritos para alinharmos ao ritmo natural das forças vitais,
marcadas pelas fases da Lua e aos feriados sazonais.”
Assim sendo, que se entenda que verdadeiramente Bruxos não reconhecem o
Halloween, salvo como uma oportunidade de brincadeiras ou motivo para festas banais,
tal como qualquer outra festividade profana que não se encontre em seu calendário
ritualístico.



                              
                                       Yule

Hemisfério Norte (21/12) e Hemisfério Sul (21/06).
Yule é o solstício de inverno.
Agora, passada sua morte simbólica, nosso Deus renasce (simboliza a reencarnação
para os espíritos, assim como a ressurreição do divino). Ele renasce como o
filho gerado da Deusa e de si próprio em Beltane, a CRIANÇA DA PROMESSA.
Yule representa o fim dos dias escuros. O Sol ressurge no céu, trazendo seu calor para
começar a derreter a neve e trazer de volta a vida a campos e florestas.
Provavelmente o natal cristão tenha suas bases nesse antigo festival
comemorativo pagão. Em Yule é tempo de reencontrarmos nossas esperanças, clamando
a nossos Deuses que rejuvenesçam nossos corpos e corações e que nos dêem forças para
nos libertarmos das coisas antigas e desgastadas. É hora de descobrirmos a criança
dentro de nós e renascemos com sua pureza e alegria.
Essa é a noite mais longa do ano, em que a Deusa é venerada como a Mãe da
Criança Prometida ou do Deus Sol, que nasceu para trazer Luz ao mundo. É hora de
encontrarmos a luz clamada em Samhain, de compreender que tudo é cíclico na
existência. Em Yule, a Deusa é honrada em seu aspecto divino de Mãe, sendo o Deus
sua criança divina, o novo ano solar.





                                Imbolc (Candlemas)

Hemisfério Norte (01/02) e Hemisfério Sul (01/08)
Imbolc, Candlemas é a Festa do Fogo ou noite de Brigit.
Candelemas é o nome cristianizado para o festival, praticado ainda na Irlanda
pelas congregadas de Santa Brígida. Os nomes pagãos mais antigos eram Imbolc ou
Oilmec. Imbolc quer dizer, literalmente, em gaélico, “na barriga” (da Mãe). Significa
que no útero de Terra de Mãe, escondido de nossa visão mudana, a semente que foi
plantada no solstício (Beltane) nasceu e agora está crescendo e se intelectualizando, é o
novo ano que cresce. Oilmec quer dizer “leite de ovelhas”, porque esta é também a
estação de amamentação desses animais.
O festival é também conhecido como “O Dia de Brigit”, em honra à grande
deusa irlandesa Brigit. E seu santuário, na cidade irlandesa de Kildare, um grupo de 19
sacerdotisas cristãs (nenhum homem é permitido na ordem) mantém uma chama
perpétua que queima em honra de Brigit. Brigit é considerada uma deusa do fogo,
patrona da poesia, cura e música (especialmente dotes curativos ligados à obstetrícia).
Esse simbolismo triplo é bem expressado nas figuras da Deusa, normalmente com três
mulheres a representando. Outra forma do nome Brigit pode ser traduzida como a
Noiva, e qualquer mulher próxima a se casar, na Antiguidade de culturas pagãs, era
chamada “a noiva” em honra a essa Deusa. A Igreja católica apostólica romana não
poderia facilmente transformar a Grande Deusa Irlandesa em um demônio, assim eles
preferiam canonizá-la em vez disso. Assim, a partir de sua canonização, ela seria
conhecida como “Santa” Brígida, SANTA protetora dos músicos, poetas e profissionais
da medicina. A Igreja cria a fábula de que Brígida seria uma missionária cristã que, por
seus conhecimentos, praticou curas na Irlanda, sendo confundida com uma deidade. Não
posso afirmar os motivos pelos quais os irlandeses acabaram por crer nessa fábula, mas
também chegam a crer que Santa Brígida possa ter sido a ama-de-leite de Jesus, assim,
também não posso crer como Jesus possa ter nascido e passado sua infância na Irlanda.
Os rituais de Candlemas envolvem celebrações de despedida do inverno e boas
vindas à primavera. O Sol recém nascido que representa o Deus é visto como uma
criança pequena que ainda se alimenta de sua Mãe. É época para novos começos.
Planejamento para o ano que cresce, assim como obtenção de conhecimentos
filosóficos, práticos e técnicos para que nossos objetivos se cumpram. A meu ver, é a
melhor época do ano para dedicações e iniciações na arte.
É tradicional em Candlemas acender todas as luzes da casa por alguns minutos à
noite, simbolizando assim, o retorno do Sol e do calor à Terra. Esse calor aquece a
Terra, ou seja, a Deusa, e proporciona ao longo do período a germinação de sementes. É
o Sabbath dedicado à purificação. Deve-se ter muitas velas acesas que representam
nossa própria iluminação e inspiração. Imbolc também é conhecido como Oilmec,
Lupercalia e Festa de Pã. Algumas bruxas executam o rito chamado “Cama de Noiva”,
que consiste na fabricação de uma boneca de palha de milho que representaria a Deusa e
é colocada em uma cesta junto a uma espiga de milho que representaria o Deus. A
Deusa é tão honrada como a Donzela do Milho e o Deus, como o Pai do Espírito.





                              Ostara
                   
                                        




Hemisfério Norte (21/03) e Hemisfério Sul (21/09).
OSTARA, também conhecido como Equinócio de Primavera ou Equinócio Vernal,
celebra a chegada da nova estação. Esse festival celebra o dia em que o Sol,em sua
migração para o Norte, atravessa a linha do Equador. Ostara marca a data em que a
noite e o dia são iguais e equilibrados em sua duração. Um dos símbolos de Ostara é o
ovo, assim como o coelho. O coelho é um animal sagrado para a Deusa Oster (palavra
que significa “época de páscoa” na Alemanha), Deusa escandinava da fertilidade é Ela
que honramos neste dia. Durante Ostara, a neve começa a derreter nos campos, os dias
estão adquirindo mais luz e calor, e as folhas e flores começam a brotar. Esse é um
tempo de regozijo, dança, celebração. O inverno passou e nós sobrevivemos à aspereza
dos dias mais escuros. A vida começa novamente. Esse é um tempo para plantar as
sementes de nossa flor, erva, legume e jardins espirituais. Que sonhos a serem
fertilizados pela terra você plantará? Em vista a analogias no nome, simbolismos e
época, queremos crer ter sido nessa antiga festividade pagã a origem da páscoa
hebraico-cristã.
É prática Wiccaniana a decoração (com símbolos mágickos) de ovos crus ou
cozidos. Ovos decorados sempre foram símbolos de fertilidade. No séc. XVII, na
França, eram dados ovos decorados às novas noivas, na esperança de que pudessem ter
muitos filhos. Na Alemanha, eram dadas tigelas cheias de ovos aos trabalhadores do
campo pelas esposas dos fazendeiros, visando assegurar assim, uma colheita rica e
fértil. Muitas culturas vêem o ovo como um símbolo de vida, ou o receptáculo do
espírito. O ovo é símbolo de boa fortuna na Rússia e decorar ovos é uma prática entre
namorados, assim como acredita-se que enterrar ovos decorados, por vezes, são mesmo
considerados como verdadeiras jóias e ornados com pedras preciosas; um bom exemplo
são os famosos ovos Fabergé e Tiffany.
Em Ostara, o Deus e a Deusa despertam nos animais selvagens o desejo à
reprodução. O Deus Cornífero vivencia sua plena maturidade e a Deusa é reverenciada
em seu aspecto de Deusa da Primavera.





                                  Beltane



Hemisfério Norte (01/05) e Hemisfério Sul (31/10).
A palavra Beltane (Beltaine, Belltaine, Bealtaine, Beltain, Beltine, Bealteine,
Bealtuinn, Boaldyn), significa “fogo luminoso” ou “fogo sagrado” e celebra o começo
do verão, a colheita, e a passagem da estação. Beltane honra a face do deus Sol Céltico
continental e curandeiro, Belenos.
Beltane é a anglicização da palavra irlandesa Beltaine ou Bealtuinn em escocês.
Enquanto a terminação tene refere-se claramente a fogo, ninguém pode realmente
afirmar que a terminação Bel se refira a Belenus, o deus pastoral, ou de bel “brilhante”.
É certo que sempre foi uma tradição saltar entre dois fogos de Beltane (fogueiras,
caldeirões ou tochas) para obter boa fortuna, saúde para seu gado e prosperidade.
Quando os Druidas e seu sucessores, nas vésperas de maio, elevavam os fogos
de Beltane nas terras altas ao longo das Ilhas Britânicas, eles estavam executando um
ato real de magia, na intenção de trazer a luz do Sol até a terra. Na escócia, eram
extintos todos os fogos da casa, e os grandes fogos eram acesos nas matas e florestas.
Era um costume que os homens usassem madeira das nove árvores sagradas. Quando a
madeira estourava nas chamas, proclamava o triunfo da luz sobre a escuridão durante a
metade do ano.
Em Beltane, celebramos o grande amor que dá a vida a tudo. O Deus e a Deusa
estão férteis e apaixonados e de seu amor, tudo, absolutamente tudo, nascerá. O fogo da
paixão embala os corpos dos amantes que, na noite de Beltane, se encontram para
celebrar essa união divina.
Uma das tradições mais belas de Beltane é o MAYPOLE, ou MASTRO DE
FITAS. Um mastro é erguido e se prendem fitas coloridas (cada qual representando um
desejo) que, numa dança ritualística, em alegria, serão trançadas, assim como se trança
o destino. Com essa prática, colocamo-nos sob a proteção dos Deuses.






                                    LITHA



Hemisfério Norte (21/06) e Hemisfério Sul (21/12)
(Também conhecido como Alban, Hefin).
Litha é celebrado pelas bruxas e demais culturas pagãs em todas as partes do
mundo. O solstício de verão é o dia mais longo do ano, quando o Sol está em seu zênite
(esplendor), e, por conseguinte, também marca a menor noite do ano. Em muitas
tradições, Litha marca o fim do reinado do Rei do Carvalho, que é substituído agora
pelo Rei do Azevinho (que regerá a Roda do Ano até o solstício de inverno). É a época
ideal para adivinhações, rituais curativos e magia em geral, uma vez que o Deus chega
ao ponto máximo de seu poder.
Até agora, Deus e Deusa regem o ano de forma suprema, eles impuseram seus
desejos no reino dos vivos sem desafiantes, mas agora uma figura sombria faz o seu
aparecimento. Esse é o início do antigo tema pagão de batalha entre irmãos; os reis
claros e escuros começam o seu conflito. O Rei Escuro tenta dominar a Rainha Clara; a
criança que ela carrega representa o renascimento da Luz. Eles lutam, luz contra
escuridão, mas nessa época, o Sol ainda está na plenitude de seus poderes, e o Rei Claro
derrota o desafiante, mas fica seriamente ferido e sua força começa a diminuir. Apesar
de vencida, a Escuridão toma o seu lugar na existência, e essa é uma regra imutável.
Não havemos jamais esquecer que, embora o Deus esteja em sua plenitude,
é essa a hora que ele começa a declinar. Logo dará o ultimo beijo em sua
amada, a Deusa, e partirá no Barco da Morte, em busca das Terras de
Verão. Da mesma forma, devemos ser humildes para não ficarmos cegos
com o brilho do sucesso e do Poder. Tudo no Universo é cíclico, devemos
não só nos ligar à plenitude, mas também aceitar o declínio da Morte.







                                               Lughnasad







Hemisfério Norte (01/08) e Hemisfério Sul (01/02).
Lammas (cristão) ou Festa da Primeira Colheita.
Este festival marca o fim do verão e o começo do outono.
Lammas é o nome cristão adotado na era medieval e significa “muito pão”, pois
pães eram assados nesse dia com os primeiros grãos colhidos, fruto do que havia sido
plantado em Beltane e eles permaneceram nos altares das igrejas como formas de
agradecimento às boas colheitas. Lammas é tipicamente uma festa agrícola.
No gaélico irlandês, a festa é chamada de Lugnasad, e é dedicada ao Deus Sol
Celta Lugh. Na mitologia celta, ele é o maior dos guerreiros, que derrotou os Gigantes,
que exigiam sacrifícios humanos do povo.
Esse festival tem dois aspectos principais:
1- Honrar o Deus Lugh (Lleu, para os galeses), filho adotivo de Tailtiu, por
meio dos antigos festivais de fogo célticos que provavelmente representavam
cerimônias funerárias em sua honra.
2- Já em seu aspecto de Lammas, representa o banquete saxônio de Pão, no
qual era consumido o pão ritual, representando assim o fruto da primeira
colheita.
Uma outra visão do festival, liga-o diretamente a Litha. O Rei do Milho, ferido
fatalmente em Litha, está morto e seu corpo se espalha pelos campos na forma de milho,
pronto pra ser colhido. Não haverá fome durante o longo inverno que se aproxima e seu
sangue correrá em nossas veias. É tempo de agradecer ao Deus por seu sacrifício (sacroofício)
que permite-nos obter por meio do seu corpo o alimento necessário. É época de
colher, de colher o que plantamos.
É costume de Lughnasad que se façam bonecos com espigas de milho ou ramos
de trigo representando os Deuses, que nesse festival são chamados Senhor e Senhora do
Milho. Durante a cerimônia do festival, o boneco representando o Deus do milho é
queimado, para nos lembrar do sacrifício do Senhor do Milho, assim como de que
devemos nos livrar de tudo que é antigo e desgastado para que possamos colher uma
nova vida.





                                            
                                                Mabon






Hemisfério Norte (21/09) e Hemisfério Sul (21/03).
Mabon é também chamado de Equinócio de Outono. Esse é o segundo período
do ano em que o sol se encontra diretamente sobre o Equador e em que dia e noite têm
igual duração. É nessa fase em que a Luz e Escuridão estão equilibradas, mas a
escuridão começa a ganhar da Luz e, em breve, a Escuridão suplantará a Luz. Esse
Sabbath é encarado como um tempo de equilíbrio, gratidão aos Deuses e reflexão,
representa a segunda colheita da Roda e é a maior colheita do ano. Mabon marca o
momento de começarmos a compreender que em breve a Morte de nosso Deus mais
uma vez se manifestará.
Em Mabon, temos a convicção de que a cada dia nosso Deus, o Sol, enfraquece
seus raios e diminui sua luz. Ele está envelhecendo e morrendo lentamente como as
plantas colhidas da terra. Ele gastou todo o seu poder fertilizador durante os Sabbaths
anteriores, e é esse poder que agora é colhido por nós nas colheitas nessa época. Nossa
Deusa, grávida, mantém-se de pé diante do leito de morte do Deus, mas ela tem a
promessa de seu renascimento dentro do útero, por isso não está triste. Ele aos poucos
definha em seus braços. As plantas estão começando a morrer e suas folhas caem e
tornam-se de um marrom desvitalizado. Animais estão preparando abrigo para o frio
que se aproxima.
Considerando que esse é um dos dois dias de equilíbrio do ano (como vimos em
Ostara), é tradicional fazer uma limpeza na casa. Deverão ser abençoados os umbrais da
casa para proteção dos que nela vivem. Compre roupas novas, renove seu guarda-roupa.
É uma ótima época para feitiços que visam ao seu equilíbrio, seja financeiro, amoroso
ou profissional. Abra mão de culpas que não pertencem a você substituindo-as por
carinho e aceitação. Aumente sua auto-estima. Leia muito, renove também seus
conceitos intelectuais. Andar de pés descalços na natureza é ótimo para equilibrar-se
energeticamente.
Devemos também pedir pelos que estão doentes e pelas pessoas mais velhas, que
precisam de nossa ajuda e conforto, assim como é a época ideal para prestar
homenagens a nossos antepassados femininos, queimando papéis com seus nomes no
caldeirão e lhes dirigindo palavras de gratidão e bênçãos.



                                                  Esbbaths


Assim como o Sol tem suas mutações festejadas nos Sabbaths, também a Lua,
arquétipo principal de nossa Deusa, possui festas que rendem homenagens a suas
diversas faces. Estas festas são denominadas “Esbbaths”.
A palavra Esbbath provavelmente surge do francês arcaico “esbattre”, que tinha
seu significado como “brincar, divertir-se”. Assim, diferentemente dos festivais dos
Sabbaths, em que existe uma ritualística própria, relacionada com determinada época da
Roda do Ano, os Esbbaths serão festividades livres, sem ritualística completamente
definida, sendo os mesmos usados normalmente para a prática de magia desvinculada
dos princípios evocados nos Sabbaths. Os ritos de Paganismo são verdadeiras
celebrações à vida. O significado da palavra Esbbath abraça a essência desse tipo de
celebração.
Nos tempos modernos, por conveniência, ou constrangimentos sociais, grupos
de bruxos acabam por alterar a observância tradicional dos ritos pagãos. Muitos grupos
celebram reuniões mensais nomeadas como Esbbaths, outros grupos mais tradicionais
reúnem-se a cada fase da Lua que se apresenta. Ouros ainda, apenas nos dias de lua
cheia e lua negra.
Fato é que muitos praticantes, apenas por puro desconhecimento, chegam a
considerar apenas o plenilúnio (lua cheia) como data correta para o festejo de seus
Esbbaths. Um erro facilmente compreendido.
Nos tempos passados, mais precisamente na década de 50, os primeiros grupos
considerados Wiccanianos reuniam-se quase que secretamente, tornando-se quase uma
impossibilidade o festejo de todas as fases da lua. O correto seria dizer que Esbbath
seria correspondente ao festejo LUNAR. Cada uma das referidas fases da lua
corresponde a um período energeticamente favorável para determinadas práticas. Sendo
a lua cheia o plenilúnio, ou a maior época de poder da lua (graças ao seu aspecto cheio
que reflete a luz solar e dos planetas e estrelas com maior intensidade), esses grupos de
praticantes acreditam que seria a data ideal para qualquer tipo de prática, desde
prosperidade a banimentos. Como os Sabbaths (comentados anteriormente) celebram
determinada época da Roda do Ano, tendo sua ritualística própria, os Esbbaths seriam
as festividades para a prática de magia, alinhada a proximidade do praticante à energia
lunar de nossa Deusa.
Assim, Esbbaths acabam por ser reconhecidos erroneamente como “Festas de
Lua Cheia”, quando, na verdade qualquer celebração a qualquer fase da Lua deverá ser
considerada como um Esbbath.
Além das diferenciações já explicadas, os Esbbaths não possuem uma ritualística
fixa. Eles devem ser festejados de forma extremamente natural, principalmente quando
não houver envolvimento de feitiços. O vinho tinta ou sidra utilizada nos Sabbaths pode
e mesmo deve ser substituído por vinho branco, bebida mais ligada à energia lunar. Por
vezes, deitar-se à luz da lua, escutar uma boa música, recitar um poema em homenagem
à Deusa ou reunir-se aos amigos para divertir-se de forma natural podem ser
consideradas como um bom festejo de Esbbath.
De qualquer forma, o leitor deverá ter sempre em mente que A BRUXARIA É
NATURAL. E assim, deverão ser seus festivais. 










fonte: Livro Millenium